Terno de Reis

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A tradição do Terno de Reis faz parte da cultura de nossa região, do nosso povo.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

O MINORISMO

O MINORISMO

O maior entre vós seja o menor de todos, ensinava Jesus. Eis que significa o minorismo. Como é difícil aceitar ser menor. Nossos desejos são de grandeza.

É grande a tentação de a gente querer ser o maior. Essa briga começa em casa entre os irmãos, perpassa a escola, o comércio, a política, a economia, a religião. As nações se definem como as que são grandes, as maiores e as que são pequenas e menores. A maior casa, o maior avião, o maior corpo, o maior sexo, o maior país, ser o maior é uma ideologia que leva a entender a felicidade e a realização pessoal enquanto poder, grandeza, sucesso.

As conseqüências desta vertigem são grandes: competições, guerras, invejas, brigas, carreirismos, disputas. O que importa na lógica social é ser o maior. Os outros são os menores, os escravos, os perdedores, os fracos, os excluídos, os sobrantes, os pequenos, os sem importância. Estrelismo, fama, prestigio, renome, são coisas atraentes e muito desejadas.

O ensinamento de Jesus privilegia o pequeno, o menor, a criança e não coincide com o poder, a dominação, a exclusão, a superioridade, a força, o lucro, o sucesso. Querer ser grande é uma ilusão. Nenhum dos grandes impérios se imortalizou. Os poderosos cairão de seus tronos, rezava a mãe de Jesus. A política e a lógica de Jesus é contar com os pequenos, os frágeis, os menores. São Francisco de Assis fundou a “Ordem dos Frades Menores”. Ele como Ministro Geral se auto-intitulava “mínimo entre os menores”. Era fiel ao evangelho pois percebeu que no menor está o coração e o centro do evangelho. Santa Terezinha do Menino Jesus nos ensinou a infância espiritual, as coisas pequenas, o esvaziamento do nosso ego, como caminho para a maturidade espiritual. Existe na Igreja a “Congregação dos Mínimos”. Deus tem preferência pelos fracos, pequenos, últimos, menores. Vejamos esta verdade na história da salvação.

Deus se afeiçoou a Israel e o escolheu porque era o “menor dentre os povos” (Dt 7,7). Gedeão, escolhido de Deus, era o “último de sua casa” e sua família a mais humilde de Manassés (Js 6, 15). Benjamim era a “menor” da tribo de Israel (I Sm 9, 21) mas dela veio o rei Saul. Davi foi ungido quando era o menor, o mais novo dos filhos de Jessé (I Sm 16, 11). Belém, é o menor povoado dentre as tribos de Judá (Mq 5, 2). Esse é o lugar do nascimento de Jesus.

O Filho de Deus fez-se pequeno, escravo, criança (Fl 2, 7-8). Tornou-se o menor. Nasceu na menor cidade da Judéia e cresceu no menor lugar da Galiléia, Nazaré. Teve José por pai adotivo. Trabalhou e viveu entre os pequenos. Ensinou que a menor semente é a que se torna grande árvore. Glorificou a Deus que se revela aos pequeninos (MT 11, 27) e proclamou: “aquele que entre vós for o menor, esse é o maior” (Lc 9, 48). O menor no Reino será o maior que João Batista.

O apóstolo Paulo intitula-se “o menor de todos” (Ef 3, 8). A graça, a revelação do mistério, o evangelho, a riqueza insondável de Cristo foi confiada ao menor de todos os Apóstolos: “Eu sou o menor dos apóstolos” (ICor 15,9). Paulo anda na estrada de Jesus e percebe que o menor é predileto de Deus. Na verdade os fracos, os pequenos, os pobres, os desprezados são os escolhidos (Cf. I Cor 3, 26-30). Nada de carreirismo, estrelismo, autopromoção.

Minorismo não é pessimismo, negativismo, baixa-estima, é caminho de grandeza, elevação exaltação, felicidade e glória. Os que aderem ao minorismo amam os famintos, sedentos, presos, doentes, desnudados, os forasteiros. Estes entram no reino e são os benditos do Pai porque foram os construtores da civilização do amor, atestando que o menor é o maior

Dom Orlando Brandes

Arcebispo de Londrina/PR

Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB

Fonte: http://www.cnpf.org.br/novo_site/artigos/artigo.asp?id=622

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