Debates pouco ajudaram para definição de votos
Redação Yahoo! Brasil
Usando uma partida de futebol como metáfora, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) jogaram na retranca, com pouca ousadia para ataques, e saíram contentes com um empate em
“Dilma e Serra ficaram na defensiva porque era mais confortável para eles. Foi uma vitória dos marqueteiros ‘lights’ sobre aqueles que pregam uma tática mais ofensiva”, diz o professor David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB). “O
A explicação é que eventuais ataques poderiam sair pela culatra. “Aquele que atacasse poderia ver crescer seu índice de rejeição e, de quebra, dar ao atacado a condição de vítima, o que faria com que uma parcela do eleitorado ainda indeciso passasse a simpatizar com este”, diz Fleischer. “Foi tão morno que muita gente deve ter trocado o debate pelo programa da Record, A Fazenda.”
De fato, a audiência da Globo foi caindo durante a exibição do debate. No primeiro bloco, era de 30%, segundo o Ibope; no segundo, 25%, e no terceiro, 20%. A média ficou em 23%, contra 14% da Record.
Na opinião do cientista político José Paulo Martins Júnior, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), “não só este último debate como também os anteriores pouco acrescentaram para que alguém definisse ou mudasse seu voto. Pouca gente entrou pensando em votar em ‘A’ e mudou para ‘B’ depois de ver os debates.”
Martins não viu vencedor em nenhum deles. “Houve empate técnico em todos. Não dá para apontar um que tenha se sobressaído aos demais. A Dilma, novata em debates, não comprometeu, apesar de um certo problema de dicção e de usar algumas muletas vocais.”
Martins esperava mais de Serra, candidato com larga experiência em debates. “Na verdade, ele cometeu vários deslizes desde a pré-campanha, quando demorou a se assumir candidato, depois se indispôs com o Aécio (Neves) e teve dificuldade em achar um vice. Se você não tem uma coalizão coesa, seu trabalho fica fragilizado.”
O professor David Fleischer viu “ligeira vantagem” de Marina nos debates, “principalmente nos embates com Serra.” Mas foi na saída do programa que a candidata do PV fez as maiores críticas ao tucano. “Ele vai perder perdendo, o Serra. Ele tinha toda essa imagem de uma pessoa que prima pela gestão pública, pela eficiência, e descambou para o caminho do vale-tudo eleitoral”, disse Marina.
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