Advento: tempo de celebrar a esperança no Senhor que vem!
O Advento marca o início do novo ano litúrgico na Igreja. Deste modo passamos do ciclo ‘C’ para o ciclo ‘A’. Na história da formação do Ano Litúrgico este período foi o último a ser formado.
Pelo final do século IV é que se tem notícias deste tempo, ora caracterizado pelo sentido escatológico, ora como período de preparação ao Natal. O Concílio Vaticano II fez intencionalmente uma síntese destas duas realidades em sua reforma litúrgica.
Duas partes formam o Advento. A primeira inicia-se com as vésperas do I domingo estendendo-se até o dia 16 de dezembro. É o memorial “da volta gloriosa de Cristo como juiz no fim dos tempos” ; a segunda parte compreende os dias entre 17 e 24 de dezembro e estes estão orientados à preparação do Natal do Senhor.
Na liturgia eucarística o Advento é qualificado ao máximo nas orações eucológicas (oração da coleta, sobre as oferendas e após a Comunhão), nos prefácios e na liturgia das horas, na qual vem expressa sinteticamente nos hinos e Salmos.
Teologia do Advento
O conteúdo teológico do Advento é riquíssimo, leva em conta o mistério da vinda do Senhor na Encarnação e na sua Parusia (do grego, que significa a segunda vinda gloriosa de Nosso Senhor). Abrange o início e o fim da vinda de Cristo em nosso meio.
No primeiro Advento, o de Sua Encarnação, o Verbo habitou no meio de nós (Jo 1, 14), fazendo-se igual ao homem em tudo, com exceção do pecado (Hb 4,15). No segundo Advento o Senhor virá em toda a sua glória, e “todo homem verá a salvação de Deus” (Lc 3,6).
São Bernardo de Claraval situa, entre o primeiro e o segundo, um terceiro Advento ou medius adventus. Este se trata de uma volta iminente de Cristo; ela é espiritual, contínua e manifesta o poder de sua graça. Thomas Merton, comentador do santo abade de Claraval, explicita que esta vinda intermediária é um período de tensão entre o medo e a alegria, no entanto é uma luta salutar. Podemos também compará-lo ao combate entre o novo e o velho em nós, como descreve o Escrito Obra Nova da Comunidade Católica Shalom .
Além de ser um tempo forte de preparação para a vinda do Senhor, escatológica e na encarnação, o Advento aponta para a missionaridade da Igreja que é chamada, a todo tempo, a anunciar a vinda do Reino de Deus, que nas palavras do Papa Bento XVI em seu livro Jesus de Nazaré , retomando a compreensão de Orígenes, é o próprio Cristo o Reino de Deus.
Celebramos no Advento o “já” e o “ainda não” da Salvação. Contemplamos o Cristo que já se fez carne no meio de nós e o esperamo-lo em sua segunda vinda gloriosa e definitiva. Por isso a vivência destas semanas deve ser marcada por uma jubilosa expectativa, vigilância pela oração, esperança e conversão.
A Coroa do Advento
Existem várias formas de celebrar bem o tempo litúrgico do Advento. Prestando atenção à Liturgia Eucarística que é a Liturgia por excelência, nortar-se-á que tudo concorre para um mergulho em profundidade na riqueza que encerra esse período de preparação à vinda do Senhor.
Outra forma é rezar em família com a Coroa do Advento. É um modo de introduzir a família na celebração deste mistério. Na liturgia chamamos isto de mistagogia, fazer a pessoa adentrar no mistério celebrado.
A Coroa do Advento é uma tradição antiga e muito simples de se fazer. Vejamos os elementos necessários:
Ramas verdes que significam a Esperança e as bênçãos derramadas pelo Senhor em sua primeira vinda e que nos remetem à Esperança na Parusia. A Coroa em sua forma circular indica que não tem princípio nem fim, semelhante ao amor de Deus que é eterno por cada um de nós.
Dentro da Coroa põem-se quatro velas, simbolizando as quatro semanas do Advento. A cor das velas pode ser roxa, cor utilizada para este período. Cuide-se para que uma das velas seja de uma tonalidade mais clara, pois representa o domingo Gaudete ou da alegria, o terceiro na semana do Advento.
A Coroa do Advento deve ser colocada num local privilegiado da casa (pode ser onde se faz refeições), e deve ser escolhido um horário no qual todos possam rezar diante dela. A cada semana acende-se uma vela, gesto que deve ser repetido durante toda a semana. A cada domingo um membro da família acende a vela.
Pode ser dividido desta forma: na primeira semana, o filho mais novo; na segunda, o filho mais velho; na terceira, a mãe e na quarta o pai, ou outra forma que a família achar conveniente.
No acendimento da vela pode-se cantar uma música de Advento e fazer uma breve oração. Para isso podem ser escolhidas quatro intenções especiais para se rezar naquela semana, não esquecendo de pedir pela paz em Israel, pela iluminação de nossos irmãos judeus e pela Igreja.
- Isaías – Por uma tradição muito antiga foram escolhidos os textos do profeta Isaías para as leituras durante o Advento, porque se vê neles o tema da esperança.
- João Batista – Este é um verdadeiro ícone do Advento. É o profeta que se situa na linha divisória entre o Antigo e o Novo Testamento. Aponta para uma realidade nova, a vinda do Messias do qual foi precursor.
- Nossa Senhora – A celebração da Imaculada Conceição de Nossa Senhora celebrada no início do Advento (8 de dezembro) não representa uma ruptura deste período, mas é parte integrante do mistério. Maria concebida Imaculada é protótipo da humanidade redimida.
Fonte: http://www.comshalom.org
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