Terno de Reis

Terno de Reis
A tradição do Terno de Reis faz parte da cultura de nossa região, do nosso povo.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

TERNO DE REIS - UMA ARTÉRIA DA NOSSA CULTURA POPULAR


FOLIA DE REIS

O reisado, trazido pelos portugueses, é uma tradição popular que remonta o período colonial brasileiro, com influência das três etnias que formaram o Brasil: o negro, o índio e branco. Seus instrumentos, os tambores, caixas, zabumbas e flautas, formam um ritmo que simboliza a tradição musical criada e desenvolvida por esses povos. Depois que os grupos fazem as visitas às casas no mês anterior, em 6 janeiro é comemorado o dia do Terno de Reis, data especial para se lembrar e reforçar essa expressão da cultura popular. Os nomes dos grupos (As Pastorinhas, Estrela do Oriente, Coração de Jesus, Mensageiro da Esperança e etc.) demonstram a forte influência da religião católica e o respeito ao menino Jesus e aos Reis Magos, a quem muitos integrantes dos ternos pagam suas promessas organizando os grupos e divulgando a tradição.

Na tradição católica, a passagem bíblica em que Jesus foi visitado por reis magos, converteu-se na tradicional visitação feita pelos três "Reis Magos", denominados Melchior, Baltazar e Gaspar, os quais passaram a ser referenciados como santos a partir do século VIII.

Na cultura tradicional brasileira, os festejos de Natal eram comemorados por grupos que visitavam as casas tocando músicas alegres em louvor aos "Santos Reis" e ao nascimento de Cristo; essas manifestações festivas estendiam-se até a data consagrada aos Reis Magos. Trata-se de uma tradição originária de Portugal que ganhou força especialmente no século XIX e mantem-se viva em muitas regiões do país, sobretudo nas pequenas cidades dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Rio de Janeiro, dentre outros.

No Brasil a visitação das casas, que dura do final de dezembro até o dia de Reis, é feita por grupos organizados, muitos dos quais motivados por propósitos sociais e filantrópicos. Cada grupo, chamado em alguns lugares de Folia de Reis, em outros Terno de Reis, é composto por músicos tocando instrumentos, em sua maioria de confecção caseira e artesanal, como tambores, reco-reco, flauta e rabeca (espécie de violino rústico), além da tradicional viola caipira e da acordeon, também conhecida em certas regiões como sanfona, gaita ou pé-de-bode.

Além dos músicos instrumentistas e cantores, o grupo muitas vezes se compõe também de dançarinos, palhaços e outras figuras folclóricas devidamente caracterizadas segundo as lendas e tradições locais. Todos se organizam sob a liderança do Capitão da Folia e seguem com reverência os passos da bandeira, cumprindo rituais tradicionais de inquestionável beleza e riqueza cultural.

As canções são sempre sobre temas religiosos, com exceção daquelas tocadas nas tradicionais paradas para jantares, almoços ou repouso dos foliões, onde acontecem animadas festas com cantorias e danças típicas regionais, como catira, moda de viola e cateretê. Contudo ao contrário dos Reis da tradição, o propósito da folia não é o de levar presentes mas de recebê-los do dono da casa para finalidades filantrópicas, exceto, obviamente, as fartas mesas dos jantares e as bebidas que são oferecidas aos foliões.

É uma pena que nos tempos de hoje, falando especialmente de nossa cidade, ainda existe um descaso total com as culturas populares, não sendo oferecido o apoio e a dedicação necessária para que estas culturas sejam repassadas às gerações futuras garantindo a sobrevivência de nossa própria história. Eu chamo de ridículo o que é destinado de verbas ao desenvolvimento cultural e artístico pelo poder público, tendo em vista a importância da nossa cultura para a formação da identidade do nosso povo. É preciso ter mais respeito e dedicação para com as manifestações culturais e artísticas populares que, todavia, tem sido deixada em último plano, como se o investimento em cultura fosse prejuízo para os cofres públicos.

Romildo Costa

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