Terno de Reis

Terno de Reis
A tradição do Terno de Reis faz parte da cultura de nossa região, do nosso povo.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

HISTÓRIA DAS CEB'S - COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE




Comunidades Eclesiais de Base - CEBs
Um jeito muito antigo de participar com fé, politicamente.

I – Um pouco de história sempre faz bem
As CEBs - Comunidades Eclesiais de Base – nasceram, há dois mil anos atrás, a partir de uma Boa Notícia para os empobrecidos e excluídos, trombeteada, em primeira mão por Maria Madalena, uma mulher que muito amava: JESUS RESCUSSITOU! Transfigurados pela utopia da ressurreição, os seguidores/as de Jesus se reuniram em pequenas comunidades a partir das CASAS, para testemunhar que somente relações de Amor verdadeiro vencem o poder do mal. Os projetos de Vida são mais fortes que os de morte. De fato, a Ressurreição representa para todos os cristãos e cristãs uma nova esperança após a morte de Jesus na cruz. Reacende uma luz para o projeto de libertação do povo oprimido.
No Brasil, podemos dizer que as CEBs passaram por um momento de gestação, um de nascimento, crescimento e hoje já estão na maioridade. A gestação foi protagonizada por alguns movimentos como a ACO – Ação Católica Operária -, o MEB – Movimento de Educação de base -, o Movimento do Mundo Melhor e pelos Planos de Pastoral da CNBB. No final da década de 50 e início da década de 60, as CEBs pipocaram por todo o Brasil no campo e nas periferias das cidades. Hoje existem mais de 100.000 por todos os cantos e recantos do Brasil. Tanto a gestação quanto o nascimento das CEBs coincidem com o momento de intensa atividade política da sociedade civil mundial, após 2a Grande Guerra, a divisão do mundo em dois blocos de influência - capitalista e comunista -, a pressão da força hegemônica desses dois blocos que culminou com o eclipse das utopias socialistas após a queda do muro de Berlin, em 1989, e com o esfacelamento da URSS, no Leste Europeu.
Somente em 1968, aconteceu o batismo das CEBs. Foi em Medellín, na Colômbia, na 2a Conferência Episcopal da América Latina, quando os bispos referendaram a Opção pelos Pobres. Inicialmente chamadas de Comunidades Cristãs de Base, foram reconhecidas como o primeiro e fundamental núcleo eclesial, responsável em seu próprio nível pela riqueza e dinamização do projeto de Jesus de Nazaré. Foi assim a célula inicial de estruturação eclesial e foco de evangelização.
A confirmação se deu em Puebla, no México, em 1979, na 3a Conferência Episcopal latino-americana, mesmo tendo encontrado sua legitimidade na palavra do magistério universal na Evangelii Nuntinadi, 58. O Documento de Puebla assim se expressa: “As comunidades eclesiais de base, que, em 1968, eram apenas uma experiência incipiente, amadureceram e multiplicaram-se sobretudo em alguns países. Em comunhão com seus bispos e como pedia Medellín, converteram-se em centros de evangelização e em motores de libertação e de desenvolvimento”.
As CEBs ocuparam, principalmente a partir da maturidade, importante papel na construção dos movimentos sociais no Brasil, a ponto de serem consideradas “sementeiras de movimentos populares”; o papel da organização, da crítica, do fortalecimento dos movimentos organizados que lutavam contra as ditaduras militares que se instalaram em diversos pontos do continente latino-americano. De fato, a maturidade das CEBs pode ser compreendida em três momentos: O primeiro, com o Documento da CNBB, em 1982, que reconhece: “Fenômeno estritamente eclesial, as CEBs em nosso país nasceram no seio da Igreja-instituição e tornaram-se “um novo modo de ser Igreja”. Ao redor delas desenvolveu-se a ação pastoral e evangelizadora da Igreja. O segundo momento aconteceu com o VI Encontro Intereclesial das CEBs, em Trindade/GO, em 1986, onde se cunhou a expressão – “CEBs: Um modo novo de toda a Igreja ser.” Essa expressão mostrou que o espírito das CEBs deve fermentar toda a instituição eclesial a partir da Opção pelos Pobres. Finalmente, o terceiro momento pode ser compreendido na feliz expressão de D. Pedro Casaldáliga – “CEBs: O modo normal de toda a Igreja ser.” Esta expressão quer significar que as questões fundamentais defendidas pelas CEBs devem ser assimiladas por toda a Igreja-instituição, pois fazem parte da defesa da vida.
Atualmente, continuam sendo fator primordial de promoção humana e de libertação integral. São comunidades missionárias, proféticas e ecumênicas, isto é, abertas ao mundo, ao diferente, aos pobres e excluídos, às diversas culturas e religiões e até mesmo aos que não têm fé, mas trabalham e lutam pela justiça. A construção de uma sociedade solidária e justa pressupõe a libertação de toda forma de preconceito e discriminação, a disposição ao diálogo, a busca de novos caminhos que superem as enormes barreiras e contradições sociais. Enfim a construção de uma sociedade que tenha como fundamento o amor e a paz.
Dois aspectos principais nos dão a certeza do papel insubstituível que pode ser assumido pelas CEBs: primeiro, a formação cristã fundada em uma fé libertadora; segundo, o compromisso com os destinos políticos do país, por meio de uma participação cidadã, extremamente descentralizada, capilarizada por toda a sociedade civil, de forma consciente e solidária, onde a tônica da organização sejam os interesses da comunidade e não os interesses individuais. É nesses dois aspectos que queremos centrar a nossa reflexão neste texto.
Frei Gilvander Luís Moreira - MG

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