Terno de Reis

Terno de Reis
A tradição do Terno de Reis faz parte da cultura de nossa região, do nosso povo.

terça-feira, 26 de abril de 2011

CAMINHADA DAS CEB'S - UM POUCO DE NOSSA MEMÓRIA

1- A experiência das comunidades eclesiais de base (CEB’s) tem constituído a grande e original contribuição da igreja latino-americana para toda Igreja Universal.

- O papa Paulo VI no final do sínodo ao falar da evangelização nos dias de hoje (1974), referiu-se às ceb’s como uma esperança para toda a igreja. Ele estava convencido do valor da experiência como lugar privilegiado da evangelização.

2- Na trilha aberta pela renovação eclesiológica do Concilio Vaticano II (1962-1965) e do impulso da Conferência de Medelín em 1968, as ceb’s.

- Quando brotaram no panorama eclesial, há mais de três décadas, as ceb’s aparecia como uma “pequena flor” sem “defesa”. Depois veio o tempo de sua afirmação criadora na década de 70.

3- Neste período surgiram os encontros intereclesiais das ceb’s visando uma melhor articulação das comunidades por todo o Brasil.

- Estes encontros nasceram com a finalidade de partilhar as experiências da vida, as reflexões que se faziam nas ceb’s ou sobre elas.

- A grande importância destes encontros foi reconhecido pela CNBB em primoroso documento em seu conselho permanente em 1982

4- O intereclesial é, sobretudo, uma grande e entusiasmada explosão de alegria, fé e esperança; um grande evento celebrativo.

- A década de 60 marcou o surgimento das CEB’s.

- A década de 70 marcou sua multiplicação e fortalecimento.

5- Em 75 nasce a idéia do I intereclesial, que tinha como objetivo,os bispos que compartilhavam da mesma caminhada popular de igreja, para conversar sobre as experiências em curso.

- Não se tratava apenas de um encontro nacional, mas de um bate papo de amigos ou “entre” amigos e irmãos, entre igrejas que partilhavam de um mesmo ideal

6- Este 1º encontro aconteceu em Janeiro de 1975 em Vitória, no qual a temática que predominou neste encontro foi à necessidade de delimitar o perfil e as características desse novo jeito de ser igreja; uma igreja nova, participativa, criativa, comprometida ministerialmente e comprometida com a dimensão fé e política.

- Olhe o tema deste primeiro encontro: UMA IGREJA QUE NASCE DO POVO PELO ESPÍRITO DE DEUS.

- Sublinhou-se ainda a necessidade da presença mais ativa da igreja na luta de libertação do povo.

7 - O II intereclesial aconteceu também em Vitória no ano de 1976 com o tema: IGREJA, POVO QUE CAMINHA.

- A expressão “caminhada” entra no repertório das comunidades.

- Este intereclesial foi muito importante no processo de construção a identidade eclesial das ceb’s.

- As diversas comunidades reconhecem-se uma as outras como membros de uma mesma igreja a caminho.

- o povo se conscientiza que: igreja é povo que se organiza – 229

8 - O III Intereclesial aconteceu em 1987 em João Pessoa-PE onde o tema do encontro: IGREJA, POVO QUE SE LIBERTA, assinalava um novo passo, já assumido com vitalidade nas experiências cotidianas das ceb’s.

(canto: de repente nossa vista clareou...)

- Depois de tantos anos de silêncio imposto, este povo crente e oprimido inaugura um novo curso no desenrolar da história.

- Entramos na década de 80, e as ceb’s a partir dos meados desta década vivem uma situação diversificada tanto do ponto de vista política quanto eclesial.

- A realidade da nova conjuntura política de transição ou “abertura” favorece a emergência de novos canais de presença e participação política na sociedade civil. Com isso a identidade das ceb’s será objeto de muita reflexão.

8.1- Alguns acreditam que com a abertura política das ceb’s, estas viveriam um certo esvaziamento. Outros salientavam que elas teriam que, a partir de então, renovar suas forças e dar sua contribuição específica, sobre tudo no campo religioso. Nem assim as ceb’s se ofuscaram.

- Na conjuntura eclesiástica, sobre tudo a partir de João Paulo II, haveria na igreja uma nítida tendência de afirmação de uma nova identidade católica, caracterizada pela busca de um novo equilíbrio eclesial

- A dinâmica proposta vai ao sentido de reordenar a situação da igreja envolvida pelo clima de abertura conciliar. Fala-se em “volta à grande disciplina da igreja”.

8.2- Esta situação de refluxo neo conservador, identificada também como “estação da seca na igreja”; este episódio desfavoreceu à dinâmica criativa das ceb’s.

- Paradoxalmente, no momento em que a conjuntura política vive um arelativa abertura, favorecendo o relaxamento de parte da pressão exercida contra a sociedade civil e a igreja, a conjuntura eclesial sofre os efeitos de um considerável refluxo.

- Nos anos 80 a CNBB manteve uma atuação profética em seu apoio decisivo a uma igreja de compromisso e de luta.

9 - Nasce o IV intereclesial e este acontece em São Paulo, precisamente em Itaici.

- O tema escolhido foi: IGREJA, POVO OPRIMIDO QUE SE ORGANIZA PARA A LIBERTAÇÃO. Este tema refletia o novo momento da caminhada das ceb’s, preocupada agora com a organização dos pobres, suas lutas revindicatiórias, sindicais e político-partidária; traço singular nesse encontro foi o novo impulso dado à temática da política.

- Este encontro sublinhou a importância de se manter a identidade própria ds ceb’s, sua pertinência eclesial.

10 - Veio o V encontro Intereclesial que aconteceu em Canindé no Ceará, com o tema: IGREJA, POVO UNIDO, SEMENTE DE UMA NOVA SOCIEDADE. O objetivo deste tema foi discutiras condições de vida do povo brasileiro; destaque para a falta de terra (no campo e na cidade), bem como a grilagem de terra, o desemprego, a fome, a seca no Nordeste.

11 - Chegou VI intereclesial aconteceu em 1986 na cidade de Trindade - GO este encontro significou uma virada decisiva na vida dos intereclesiais. Os grandes temas que irão despontar nos encontros seguintes encontraram ali seu espaço de germinação. Neste encontro as ceb’s brasileiras se abrem para o mundo, para igreja de outros credos e para outros povos.

- CEB’S, POVO DE DEUS EM BUSCA DA TERRA PROMETIDA. Esse foi o tema; aprofundou-se reflexões sobre a luta das mulheres, dos negros e dos índios:

· A questão Latino-americana e o ecumenismo;

· Luta por uma nova sociedade (Constituinte Popular e nova Constituição);

· Construção de um projeto político popular, o mundo do trabalho;

12 - Neste clima foi gestado o VII intereclesial em Duque de Caixias – RJ. Este encontro ocorreu num clima delicado da conjuntura eclesial. Sobre tudo a partir de 1984, quando setores do vaticano não pouparam energia para questionar incisivamente a Teologia da Libertação e as experiências eclesiais a ela associadas, especialmente as ceb’s.

Leonardo Boff, então frei, chegou a dizer que sobre nós igreja abatia um clima de “inverno”. Este clima causava sofrimento a todos os cristãos. Mesmo neste clima de dilúvio as ceb’s não se abateram.

- O terceiro dia desse encontro foi dedicado à eclesialidade das ceb’s.

- As reflexões indicaram que as ceb’s exercem não só um papel essencial de afirmação da cidadania social dos pobres, mas proporciona uma cidadania eclesial.

- Animadas pela palavra de Deus, elas são portadoras do “Sonho de Jesus”; Povo de Deus na América Latina a caminho da libertação.

12.1 - Estamos na década de 90 e seu início foi palco, à nível nacional, de grandes transformações sociais, políticas e econômicas.

- Um dos acontecimentos históricos de maior impacto foi o colapso do comunismo Leste-europeu (1989), antecipando o colapso da URSS. E nos espaço aberto por esta crise cresce e fortalece a ideologia neoliberal.

- Para o Brasil este momento é cinzento (COLOR começa o desmonte brasileiro).

13 - Neste clima de medo e incerteza acontece o VIII intereclesial no ano de 1992 em Santa Maria – RS.

- A temática desse encontro foi pensada em sintonia com o tema da Assembléia Episcopal Latino-americana em Santo Domingo, que seria realizado um mês após o encontro em Santa Maria.

- Este encontro foi marcado pelas reivindicações mais contundentes dos negros, das mulheres e da aculturação.

POVO DE DEUS RENASCENDO DA CULTURA OPRIMIDA.

14 - Olha o IX intereclesial chegando em São Luis – MA 1997- CEB’S, VIDA E ESPERANÇA NAS MASSAS.

- Depois de um rico período de preparação, com encontros locais e diocesanos, estaduais e regionais, Maranhão no acolheu.

- A questão da temática ecumênica e religiosa apareceu em três blocos. No bloco das religiões afro brasileiras, destacou-se a força dos testemunhos sobre o valor do rito afro e o sentido que representam para quem dele participa.

- Outra novidade surgiu na experiência vivida no bloco do pentecostalismo. Pela primeira vez na história as comunidades se desbloqueiam com respeito ao diálogo com os pentecostais.

15 - Em 2000 X intereclesial que aconteceu em Ilhéus – BA. Numa retospectiva de nossos sonhos relembramos a memória de nossas CEB’s.

- Revivemos nossa caminhada e reafirmamos nossos compromissos em continuarmos construindo o Reino de Deus aqui na terra, na luta por justiça e inclusão social.

16 - Em 2005 aconteceu o XI intereclesial em São Fabriciano – MG. Com o tema: Ceb’s, espiritualidade libertadora, seguir Jesus no Caminho com os excluídos.

- Este encontro teve como objetivo dialogar sobre a espiritualidade afro brasileira, indígena, o ecumenismo, a espiritualidade dos sem terra, do povo de rua, da juventude, carcerária, ecológica...

17 - Em Porto Velho Rondonia aconteceu recentemente o XII Intereclesial das Ceb's com o tema: Ecologia e Missão e lema : Do ventre da Terra o grito que vem da Amazônia. Veja um trecho Carta final abaixo:

Dom, 26 de Julho de 2009 14:11

CARTA ÀS IRMÃS E AOS IRMÃOS DAS CEBs E A TODO O POVO DE DEUS

“Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu;

... Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados...” (Mt 5, 3.6)

1. Nós, participantes do XII Intereclesial das CEBs, daqui das margens do Rio Madeira, no coração da Amazônia, saudamos com afeto as irmãs e irmãos de todos os cantos do Brasil e dos demais países do continente, que sonham conosco com novos céus e nova terra, num jeito novo de ser igreja, de atuar em sociedade e de cuidar respeitosa e amorosamente de toda a criação! 2. Fomos convocados de 21 a 25 de julho de 2009, pelo Espírito e pela Igreja irmã de Porto Velho/RO, para nos debruçar sobre o tema que nos guiou por toda a preparação do Intereclesial em nossas comunidades e regionais: “CEBs: Ecologia e Missão – Do ventre da terra, o grito que vem da Amazônia”. Acolhendo as delegações e celebrando os povos da Amazônia...

Foram evocadas ali e, seguidamente nos dias seguintes, as palavras sábias do provérbio africano:

Gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares pouco importantes, consegue mudanças extradordinárias”.


TEXTO PRODUZIDO PELA COORDENAÇÃO DIOCESANA DAS CEB'S DE JEQUIÉ-BA, APRESENTADO AOS SEMINARISTAS EM ILHEUS-BA

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